Quem vive na luta contra a balança provavelmente já tentou e testou inúmeras dietas e estratégias nutricionais de emagrecimento. A moda atual é fazer jejum intermitente que, segundo o que dizem, não só ajuda a emagrecer, mas também a se manter jovem por mais tempo.
Embora existam diferentes modelos, o mais comum é o de 5:2, ou seja, a pessoa passa cinco dias comendo normalmente e dois se submetendo a uma dieta hipocalórica com intervalos de no mínimo 12h entre as refeições. Um argumento muito usado por quem defende o jejum intermitente como forma de controle de peso é de que ele faz sentido do ponto de vista evolutivo, já que nossos ancestrais comiam apenas quando tinham comida disponível, permanecendo por vários dias seguidos sem um alimento sequer e sob esforço intenso.
O que a teoria não leva em conta porém, é que fazer jejum na verdade diminui nossas taxas metabólicas, justamente porque o corpo entende que se deve conservar energia. Portanto, se o objetivo é queimar calorias, fazer jejum não faria sentido. A afirmação de Thom & Lean, (2017) nos alerta para a falta de existência de estudos em humanos que confirmem os benefícios do jejum à saúde. Para se ter certeza dos seus benefícios ou malefícios, seriam necessários anos de acompanhamento, e por ser uma estratégica recente, não “daria tempo” ainda de se notar essas variações.
Os artigos usados pelos que defendem a estratégia, em geral, comparam restrição calórica intermitente com uma alimentação ruim. No entanto, quando a comparação envolve uma alimentação distribuída de maneira equilibrada e outra nutricionalmente similar envolvendo jejum os resultados tendem a ser diferentes.
Por exemplo, revisões recentes apontam que fazer jejum gera a mesma perda de peso que restringir calorias (Davis et al., 2016; Harvie & Howell, 2017). Inclusive, em pessoas de peso normal, há possibilidade do jejum causar problemas na sensibilidade à insulina no longo prazo, segundo Harvie & Howell (2017).
Alguns estudos apontam o jejum intermitente como sendo benéfico para grupos de pessoas com patologias relacionadas ao metabolismo de carboidratos, tais como diabetes 1 e 2, resistência à insulina, Síndrome do Ovário Policístico, Síndrome Congênita da Glândula Supra Renal, entre outros.
O fato é: pode ser uma estratégica benéfica para alguns e extremamente maléfica para outros. Indivíduos que apresentam hipoglicemia e doenças renais, por exemplo, não devem sequer pensar em se submeter a jejuns tão longos com objetivo apenas de emagrecimento ou melhora estética.
Antes de tentar qualquer estratégia nutricional, é imprescindível que sejam feitos exames de sangue, que possam diagnosticar qualquer anormalidade bioquímica no indivíduo. Carências nutricionais também devem ser igualmente avaliadas e tratadas antes de uma estratégia de jejum.
Para as pessoas mais ansiosas e compulsivas, a restrição alimentar pode ocasionar rebotes intensos, que não fariam valer o período sem alimentação. Por tanto, características emocionais e psicológicas também devem ser avaliadas antes de submeter o indivíduo ao jejum.
Consulte sempre um profissional nutricionista!