Uma fase linda, cheia de surpresas para a mamãe e para o bebê. A introdução alimentar traz consigo muitas dúvidas e receios, “o que dar para ele?”, “papinha ou cortadinho?”, “isso pode?”. É uma fase trabalhosa, porém, muito importante para o desenvolvimento do bebê.
O Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria de 2012, recomenda que alimentação complementar comece aos 6 meses de idade do bebê, essa recomendação vale tanto para os bebês que mamam no peito quanto para os que tomam fórmula. Isso porque, primeiramente, o intestino do bebê ainda é muito imaturo, ele é o órgão responsável pela digestão dos alimentos e faz o primeiro “filtro”, excluindo as substâncias potencialmente perigosas e permitindo os nutrientes. Nos primeiros meses, esse sistema é completamente imaturo. Entre os meses quarto e sexto, ocorre um processo de desenvolvimento no revestimento interno do intestino, esse processo é chamado fechamento, onde o revestimento se torna mais seletivo sobre o que pode ou não passar. A partir do sexto mês de idade do bebê, esse órgão estará mais desenvolvido, sendo capaz de filtrar os alérgenos mais ofensivos.
Além disso, nos primeiros quatro meses, a língua tem um reflexo de propulsão, é natural e serve para proteger os bebês contra engasgo. No momento em que qualquer substância incomum é sentida na língua, ela empurra de forma automática para fora da boca. Esse reflexo irá diminuir gradativamente. Nessa fase a língua e o mecanismo de engolir podem não estar prontos para funcionar juntos, pois o bebê ainda não tem controle da mastigação e deglutição, ou seja, mastigar e engolir ainda não é uma tarefa fácil, isso por que o mecanismo de engolir do bebê ainda trabalha sugando e não mastigando. Essa habilidade é desenvolvida à partir dos 6 meses.
No início ofereça os alimentos de forma lenta e gradativa, não force o bebê à comer nem crie situações estressantes, isso pode prejudicar o interesse dele pela comida. É natural que o bebê estranhe ou não queira, não saiba como agir, é tudo completamente novo para ele.
Escolha um horário da manhã e passe a oferecer uma fruta amassada. Faça isso diariamente em um horário aproximado. Persista a fazer isso mesmo que ele recuse, vá mudando a escolha da fruta, mas volte a oferecer aquelas que ele recusou em outro momento.
Após uma semana, comece a oferecer o almoço, montando um pratinho com um componente de cada grupo alimentar, carne/ovos, verduras, legumes, raízes, cereais e leguminosas. Comece com uma colher de sopa de cada, o aumento deve ser gradativo. As leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico, etc.) devem ficar de molho por doze horas antes do cozimento, para amenizar a fermentação e diminuir as chances de formação de muitos gases, que pode causar muito desconforto para o bebê. A carne deve ser muito bem cozida e triturada.
Quando o bebê completar 7 meses, mantenha as ofertas anteriores e acrescente uma fruta no período da tarde. Após uma semana pode começar a ofertar o jantar, seguindo o mesmo padrão do almoço.
É uma fase nova para ele, deixe-o explorar, com o tempo, ofereça alguns alimentos nas mãozinhas deles e os deixem descobrir as texturas. Fique sempre por perto, engasgar faz parte desse momento de desenvolvimento e adaptação, fique sempre ao lado do bebê enquanto ele come.
Meu bebê não quer comer, e agora?
Mais comum do que se imagina, a recusa alimentar preocupa muitas mamães. O que precisamos entender é que essa fase é uma completa novidade para o bebê, que estava acostumado com o sabor e textura líquida do leite. Ele irá conhecer novos sabores, texturas e temperaturas.
Se o seu bebê não aceita novos alimentos, primeiramente, mantenha a calma! O desenvolvimento do bebê é repleto de fases, essa também irá passar. O seu filho não é o bebê da vizinha, estenda que cada um tem seu tempo. Faça dessa nova rotina um momento mais leve o quanto puder, nos horários em que ele sente fome. Incentive seu bebê a comer, acredite, ele entende, apesar de ser só um bebê, ele percebe tudo, então não faça desse momento um fardo para nenhum de vocês. O deixe descobrir e conhecer o alimento. Em todas as oportunidades, coloque-o para comer junto com toda a família.
Sobre os doces
É natural que o ser humano goste do sabor adocicado, o próprio leite materno tem esse sabor. Essa é a hora de fazê-lo conhecer outros sabores, o amargo, o azedo e o ácido. Além disso, as frutas já são adocicadas naturalmente. Saiba que o açúcar é uma caloria vazia, não oferece nutrientes, oferece-lo ao seu bebê só irá contribuir para maus hábitos alimentares, pois esse tipo de alimento, adoçado, possui muita influência no paladar, pode viciá-lo. Quanto mais oferecer alimentos adoçados ao seu bebê, mais difícil será que ele aceite o natural, pois ele achará muito melhor o adoçado.
Suplementação
É recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) que haja suplementação de vitamina D a partir da primeira semana de vida do bebê, até os dois anos de idade. O ferro necessita de suplementação dos seis meses até os dois anos. Os bebês que se alimentam com fórmulas precisam de avaliação individual em relação a essas suplementações.